AO LONGO DO TEMPO, DESDE QUE EM 1987 SE JOGOU O PRIMEIRO LISBOA 7'S que algumas pessoas se divertem sistematicamente a menosprezar a versão reduzida do jogo de rugby, recorrendo primeiro às suas óbvias preferências, que têm todo o direito de expressar, mesmo que com isso façam uma triste figura, e mais recentemente, pela divulgação de dados pretensamente estatísticos, mas que não passam de grosseiras distorções da verdade.

E não é por falta de conhecimento dos números reais que tais afirmações são feitas, já que todos os elementos necessários para uma avaliação da situação se encontram publicados, desde que o Mão de Mestre o começou a fazer, ainda no ano de 2009.

Sem pretender desvalorizar a nossa seleção nacional de XV, não podemos esconder que a, também nossa, seleção nacional de VII, tem tido ao longo da sua vida - desde Maio de 1992 - êxitos extraordinários que não devem ser desprezados, especialmente numa altura em que todos devíamos estar unidos no sentido de conseguir uma forte representação, capaz de se qualificar para o Mundial de 2013 e para os Jogos Olímpicos de 2016.

E esta é a primeira questão que todos deveriam ter bem presente: o rugby de sete é uma modalidade Olímpica, e por mais opositores que ela possa ter, nada vai alterar esse estatuto.

Não vale a pena continuar a tentar fazer passar a mensagem de que os sevens são uma menoridade, pois já outros noutros tempos fizeram o mesmo, e não conseguiram passar da praia.

Podem gritar, escrever, bracejar, que nada vão mudar: os sevens vão estar nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, e qualquer atleta se sentirá muito honrado se escolhido para representar o seu País naquele extraordinário evento desportivo.

E eu continuo a afirmar que Portugal não só pode, como tem obrigação de conseguir o apuramento para o Rio de Janeiro, baseando as minhas afirmações em dados concretos, nos resultados da nossa equipa ao longo dos anos, apesar do abandono a que a modalidade está, e esteve, votada, e apenas para que se possa ter uma referência, compararei os dados da nossa equipas de 7's - Os Linces - com os mesmos dados da nossa equipa de XV - Os Lobos.

A primeira questão que vou abordar diz respeito à definição de um conjunto de países que estão colocados entre os 10 primeiros classificados do ranking da IRB, tanto no rugby de XV como no rugby de VII.

São sete essas equipas, numa perfeita demonstração da importância que esses países dão às duas versões, e ao domínio que têm exercido ao longo dos anos seja em 7's seja em XV, e apesar de não ser vergonha perder frente a elas, a manutenção desses resultados na análise comparativa entre as nossas duas equipas, transforma a realidade porque esses jogos aconteceram em dois universos quantitativos diametralmente opostos - enquanto os Lobos realizaram três jogos contra essas equipas (1,5% do total dos jogos realizados), os Linces realizaram 109, ou seja 19% do total dos jogos efectuados.

Chamei a essas equipas Os Sete Magníficos, e eles aqui estão:
Como facilmente se vê, das 10 melhores equipas de XV, apenas três não se colocam entre as melhores 10 do ranking de VII: Irlanda, França e Escócia, e das três apenas a Irlanda não assumiu ainda uma posição definitiva a favor dos 7's, como a constituição do Grand Prix da Europa comprova, já que em 2011 Inglaterra, Escócia e País de Gales se vão juntar a todas as outras equipas europeias na procura de um título que Portugal ganhou consistentemente nos últimos nove anos.

Por outro lado, entre as 10 primeiras equipas do ranking da IRB de 7's, três não fazem parte do top 10 do ranking de XV: Samoa (11º no ranking de XV), E.U.A. (16º no ranking de XV) e o Quénia, que não passa da 33ª posição no ranking de XV.

Dizer portanto que os grandes do rugby mundial não se interessam pelo rugby de sete, é mais do que simples ignorância: é deliberada distorção da verdade, com intenção de fundamentar idéias de frontal oposição ao rugby reduzido - os brasileiros chamam a isto falsidade ideológica!



Assim, resolvi isolar aquelas sete equipas que pertencem aos dois rankings e que são a Nova Zelândia, África do Sul, Austrália, Inglaterra, Argentina, País de Gales e Fiji, já que não parece justo que se compare o comportamento de duas equipas, quando uma delas joga constantemente com as melhores equipas do Mundo, e a outra apenas esporadicamente as enfrenta, como veremos mais abaixo.

Vamos então passar adiante e observar qual o comportamento das nossas seleções, englobando e isolando os jogos realizados contra os Sete Magníficos.
Na versão completa, Portugal já disputou 204 jogos, e venceu 84 - uma percentagem de vitórias de 41,18% e apenas jogámos por três vezes com equipas daquele Magnífico grupo, tendo perdido todos os encontros.

A percentagem de vitórias em relação aos jogos totais, aumenta um pouco se retirarmos os três jogos com os Sete, passando para 41,79%.

Vejamos agora os números dos Linces, nos 98 torneios em que participámos desde que fomos a Catânia em Maio de 1992:
Na versão reduzida, Portugal já disputou 554 jogos, e venceu 324 - uma percentagem de vitórias de 58,48%, mais 17% de vitórias que no rugby de XV, e jogámos contra os Sete Magníficos em 109 ocasiões tendo vencido por oito vezes e empatado outras duas.

Retirados os jogos contra aquelas equipas incontestavelmente superiores, a percentagem de vitórias da equipa portuguesa sobe para 71.01% - o que ninguém em seu perfeito juízo poderá dizer que são números pouco diferentes dos conseguidos com a equipa de XV.

Se falarmos apenas dos jogos realizados no circuito da IRB, a percentagem de vitórias da equipa nacional baixa, mas retirados mais uma vez os Sete Magníficos ela fica, mesmo assim, acima dos 56%.
Mas será correto analisarmos os números do Circuito da IRB e esquecermos de referir os jogos realizados no Campeonato da Europa?

Eu acho que não, e isso poderia mesmo dizer-se que se trataria de uma tentativa de tirar a parte do todo e transformá-la no próprio todo.

E como eu sinto muito orgulho cada vez que Portugal ganha, apesar de não me esquecer das derrotas e delas tentar tira as devidas lições, aqui fica o quadro da participação dos Linces no Campeonato que já ganhámos por sete vezes, em nove anos!
Como se constata imediatamente a superioridade portuguesa na Europa é enorme, e creio que não será abusivo dizer que os números não têm paralelo noutras modalidades desportivas, nem na variante de rugby de XV.

Mas para podermos avaliar melhor se os resultados de Portugal em XV são semelhantes ou não aos resultados obtidos em 7's, vamos dar uma olhadela as que se passou ao longo dos anos contra os adversários da nossa equipa no Torneio das Seis Nações B do ano passado.
Como se vê a percentagem de vitórias de Portugal contra os nossos companheiros de campeonato do ano passado é muito baixa - apenas 28,92%, e ainda seria pior se não estivesse lá a Alemanha.

Mas, ao olharmos para o quadro de resultados conseguidos em 7's contra os mesmos adversários, as coisas mudam de figura.
Mais uma vez a percentagem de vitórias dos Linces ultrapassa os 81 %, não deixando qualquer dúvida quanto ao mérito da nossa seleção nacional de sevens.

Finalmente, para concluir esta apresentação dos números das nossas seleções, vamos observar dois quadros respeitantes ao comportamento dos Linces, ao longo dos anos, contra os seus adversários no Campeonato da Europa de 2010, e os resultados dos Lobos contra esses mesmos adversários.
O grau de sucesso dos Linces é elevado, fixando-se numa percentagem superior a 73% de vitórias em todos os jogos realizados, em todos os tempos, contra os nossos adversários do último Europeu de 7's, não se podendo dizer o mesmo dos resultados dos Lobos contra estes mesmos adversários.
Na verdade a percentagem de sucesso dos Lobos não ultrapassa os 27,50%, sendo o número total de vitórias menor que metade do número de derrotas, enquanto os Linces conseguiram um número três vezes maior de vitórias em relação ao número de derrotas.

E pronto meus amigos como facilmente se vê, não é verdadeira a afirmação que as nossas duas seleções têm taxas de sucesso semelhantes - na verdade a nossa equipa nacional de 7's tem um comportamento, face a todas as suas adversárias, incontestavelmente mais positivo que a nossa equipa nacional de XV.

Há pessoas que só estão bem a dizer mal, mas se calhar é apenas por não estarem preparadas para os desafios - não se deixem enganar mesmo que esses velhos arautos se apresentem com aspecto venerando.

O mundo não pára em função dos desejos dessas pessoas, e os Jogos Olímpicos estão aí, e estão ao nosso alcance!

VOLTAR A PÁGINA INICIAL

Categories: